‘Hambúrguer de 10’ era senha de bar para comprar cocaína

Lanchonete de fachada funcionava na Avenida Sete. Nenhum sanduíche ou refrigerante era vendido no local

Cidade - 8/10/2010
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Na noite de quarta-feira (7), uma lanchonete de fachada na Avenida Sete de Setembro 1.071, no Bairro Vitorino Braga, foi descoberta pela Polícia Civil (PC) como ponto de venda de cocaína. Segundo a equipe da 6ª Delegacia Distrital de Juiz de Fora, o local apenas tinha a aparência de lanchonete, mas não vendia qualquer produto a não ser droga.

As investigações já eram feitas há cerca de três meses. Os policiais aguardavam o momento certo para confirmar a suspeita. Segundo o investigador Rogério Marinho, o momento surgiu quando um usuário fez o "pedido", denunciando a venda. Os policiais fizeram a busca e constataram o fato. Logo depois, a equipe invadiu a lanchonete e descobriu várias porções de cocaína, já prontas para o consumo. Duas pessoas, Vanderson Luiz da Silva, de 29 anos, e Bruno Barroso e Silva, de 19, foram presos em flagrante e encaminhados para o Ceresp. 

Modo de operação

De acordo com Marinho, a senha para a compra do entorpecente era "hambúrguer de 10". Segundo ele, se a pessoa fosse pedir para comprar droga ou falasse outro código, a compra não era efetivada.

— No local não havia refrigerante, cerveja, sanduíche, nada. Nem mesas na parte de fora — explicou o investigador, acrescentando que esses deslizes foram responsáveis pela suspeita. Outros fatores relevantes são a forte segurança e os horários variados em que a lanchonete funcionava. — Uma porta com quatro trancas estava sempre fechada. Tivemos que pular o balcão.

Além da cocaína, foram apreendidos dois celulares, quantias diversas de dinheiro, muitas embalagens para a droga e tíquetes restaurante. O delegado Carlos Eduardo Santos Rodrigues, responsável pela operação, estimou que o estabelecimento funcionava há, pelo menos, um ano, de acordo com depoimentos de usuários.


Caso inusitado

Para Marinho, a situação é bastante inusitada e, em 15 dias, já é o segundo caso de tráfico de drogas em que os traficantes fogem do padrão natural.

— Essa é a quarta apreensão de drogas no Sudeste da cidade nesse período. Foram duas no Retiro, uma na Vila Ideal e essa no Vitorino — ilustrou.

O investigador argumentou que esse grau de inovação, de tão ridículo, passou despercebido a muitos olhares.

— Há 12 anos na polícia, não lembro de ter encontrado nada parecido. Não tinha um refrigerante sequer. As únicas coisas que tinham eram um freezer e uma chapa, que sempre estavam desligados.