Atropelador de jovem será indiciado por homicídio doloso

Acusado atropelou a vítima, de 16 anos, na madrugada de 19 de setembro e fugiu sem prestar socorro

Cidade - 22/10/2010
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O delegado da 1ª Delegacia Distrital de Polícia Civil (PC), Rodrigo Massaud, finalizou quinta-feira (21) o inquérito do homicídio do jovem Rafael Cunha Theodoro, de 16 anos, ocorrido no dia 19 de setembro. Após as investigações, o motorista que atropelou o rapaz será indiciado por homicídio doloso, ou seja, com intenção de matar (com a pena de seis a 20 anos) e comunicação falsa de crime (com pena de um a seis meses de reclusão).



Alta velocidade

Inicialmente, o autor seria indiciado por homicídio culposo, sem intenção de matar (pena de um a três anos) e responderia o processo em liberdade. Após a conjunção dos depoimentos de testemunhas e do resultado da perícia, Massaud pode desmentir o depoimento inicial do atropelador, que afirmava estar na velocidade de 50km/h e ter bebido, no máximo, três copos de cerveja. O carona do atropelador e mais testemunhas garantiram que a velocidade do veículo era superior a 100km/h.

Os ocupantes do Vectra placa CSB-9265 estavam vindo da comemoração de um casamento. Outro agravante da pena é o fato de o acusado não ter prestado socorro à vítima, tendo fugido do local. Caso o socorro fosse realizado, o atropelador não poderia ser autuado em flagrante, conforme explicou o delegado.

Falso crime

O laudo da necropsia revelou que o jovem foi morto pelo impacto da batida. Além da falta de apoio, outro fator que complicou a situação do motorista foi a tentativa de ludibriar as autoridades, mentindo que seu carro havia sido roubado no dia do crime.

— Ele já teve passagem por envolvimento em acidente. Claramente, tentou se livrar da responsabilidade. Não foi nervosismo — pontuou Massaud, em relação às duas situações que o responsável pela morte do jovem tentou alterar os fatos.

Sobre esse posicionamento baseado na falsidade, a mãe de Rafael, Sandra Cunha, de 42 anos, declarou que essa foi uma forma falha de defesa e que a verdade acabou surgindo.

— Acho que o declínio é uma forma de se defender do mal que ele causou. Mas a verdade sempre acaba surgindo. Inventar uma história para se livrar é normal de quem é culpado — determinou.

O acidente

O incidente aconteceu por volta das 3h, na Avenida Deusdedith Salgado, próximo ao número 981, no Bairro Teixeiras. Na manhã do dia seguinte, a Polícia Militar (PM) localizou o veículo descrito como responsável pelo homicídio, no Bairro Centenário. Por volta das 13h, o proprietário do carro fez a comunicação para a PM de que o Vectra teria sido roubado na Rua Moraes e Castro, no dia do acidente. Com a suspeita da PM pela possível mentira, já que o carro apresentava manchas de sangue e amassamento frontal, o motorista acabou confessando ser o autor do atropelamento.

A informação caracterizou comunicação falsa do crime. Em sua declaração final no inquérito, o delegado concluiu o indiciamento a partir dos depoimentos das testemunhas, a incompatibilidade na velocidade da via, a imprudência em não prestar socorro, a tentativa de comunicar o furto do veículo e o consumo de bebidas alcoólicas.

Mãe clama por paz

Amanhã, às 18h30min, missa em lembrança do jovem será realizada na Igreja da Glória. A mãe da vítima convida a sociedade para uma chamada sobre a paz no trânsito. A roupa branca será usada em forma de respeito e paz.

— O padre vai pedir alerta para a juventude, principalmente por serem os futuros motoristas. Devem ter responsabilidade e resguardar suas vidas. Meu filho tinha muita vida pela frente e um monte de sonhos, que ficaram para trás.

No dia do acidente, Rafael estava na avenida tentando desvirar um Fusca que havia capotado no mesmo local. Estava num Gol que, quando os integrantes avistaram o carro tombado, pararam próximo e saíram do veículo para prestar o socorro.